domingo, 5 de julho de 2009

Fundamentos da Psicopedagogia

Apesar de o termo Psicopedagogia sugerir tratar-se de uma aplicação da Psicologia à Pedagogia, diversos autores enfatizam seu caráter interdisciplinar, admitindo a sua especificidade enquanto área de estudos, uma vez que, buscando conhecimentos em outros campos (como a Psicologia, Psicanálise, Lingüística, Fonoaudiologia, Medicina, Pedagogia) cria o seu próprio objeto de estudo.
A Psicopedagogia ocupa-se em estudar as características aprendizagem humana: como se aprende, como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las, sendo os problemas deste processo a causa e a razão da Psicopedagogia.
Esse objeto de estudo adquire características específicas a depender do trabalho clínico ou preventivo.
No trabalho clínico o profissional deve compreender o que o sujeito aprende, como aprende e por que, além de perceber a dimensão da relação entre psicopedagogo e sujeito de forma a favorecer a aprendizagem.
No trabalho preventivo, a instituição, enquanto espaço físico e psíquico da aprendizagem é objeto de estudo da Psicopedagogia, uma vez que são avaliados os processos didático-metodológicos e a dinâmica institucional que interferem no processo de aprendizagem.
Já na área da saúde, o trabalho é feito em consultórios privados e/ou instituições de saúde no sentido de reconhecer e atender às alterações da aprendizagem sistemática e/ou assistemática, de natureza patológica. Existe também uma proposta de atuação nas empresas, onde o objetivo seria favorecer a aprendizagem do sujeito para uma nova função, auxiliando-o para um desenvolvimento mais efetivo de suas atividades.
Houve tempo em que o trabalho psicopedagógico priorizava a reeducação, o processo de aprendizagem era avaliado em função de seus déficits e o trabalho procurava vencer tais defasagens. Esse enfoque buscava estabelecer semelhanças entre grandes grupos de sujeitos, as regularidades, o esperado para determinada idade, visando reduzir as diferenças e acentuar a uniformidade.
Posteriormente o não aprender é carregado de significados. Essa nova concepção leva em conta as singularidades do indivíduo ou grupo, buscando o sentido particular de suas características e suas alterações, segundo as circunstâncias da sua própria história e do seu mundo sociocultural. Entende-se que todo sujeito tem a sua modalidade de aprendizagem (maneira pessoal para aproximar-se do conhecimento e constituir o saber).
Atualmente, a Psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação de sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio.
Historicamente a psicopedagogia nasceu para atender a patologia da aprendizagem, mas ela se tem voltado cada vez mais para uma ação preventiva, acreditando que muitas dificuldades de aprendizagem se devem à inadequada Pedagogia Institucional e familiar. A proposta da Psicopedagogia, numa ação preventiva é adotar uma postura crítica frente ao fracasso escolar, numa postura mais totalizante, visando propor novas alternativas de ação voltadas para a melhoria da prática pedagógica nas escolas.
Concordo com Bossa quando se refere à inadequação da Pedagogia institucional e familiar. Diz o ditado que “a palavra convence, o exemplo arrasta”, enquanto pais e professores não tomarem consciência da responsabilidade que possuem em relação às crianças e os jovens que estão sob sua orientação e não tomarem a iniciativa de repensar sua própria postura e modificar seus paradigmas, as dificuldades de aprendizagem só irão perpetuar-se. Tudo o que se dedica atenção tende a aumentar, se antes o foco de atenção era direcionado para as dificuldades, hoje a psicopedagogia modular abre a oportunidade para que se encare a educação sob um novo paradigma: o da potencialização das capacidades (todo indivíduo possui um potencial latente para ser desenvolvido).
O ensinar pensar correto, a transmissão de valores, a utilização consciente das palavras, a expectativa positiva em relação ao futuro, a concentração nas qualidades do indivíduo, tudo isso faz parte de uma Pedagogia que visa desenvolver o potencial dos alunos formando-os cidadãos para a vida e facilitando no processo de aprendizagem.

Referência Bibliográfica:
Bossa, Nádia Aparecida – A Psicopedagogia no Brasil: Contribuições a partir da prática.

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"O objetivo da educação não é o de transmitir conhecimentos sempre mais numerosos ao aluno, mas o de criar nele um estado interior e profundo, uma espécie de polaridade de espírito que o oriente em um sentido definido, não apenas durante a infância, mas por toda a vida”



(Durkheim)