quinta-feira, 14 de maio de 2009

Psicopedagogia Modular



O novo perfil do psicopedagogo na perspectiva modular é potencializar ao máximo o sistema mental com o objetivo de auxiliar o êxito não só na escola, mas também na vida fora dela,
no mundo pessoal e profissional do sujeito.

As teorias e modelos psicológicos que durante o século XX fundamentaram a teoria e prática
psicopedagógica, tanto em educação normal como educação especial, têm conceitualizado a mente como uma capacidade de domínio geral. O suposto psicológico básico em todas as classificações é um funcionamento mental geral ou uma mente de domínio geral, frente a uma concepção de tipo modular ou de domínio específico. Este suposto básico atualmente está sendo radicalmente questionado.

O livro "Psicopedagogia e a Teoria Modular da Mente", de Elizabeth Veiga e Emílio Garcia, desenvolve o pensamento de que a mente não é um sistema unitário; ele parte de uma concepção modular, onde o ser humano precisa de várias ferramentas cognitivas no cotidiano. Apoiados na teoria de Gardner, que divide a mente em 9 inteligências (Lingüística, Lógica, Espacial, Corporal, Intrapessoal, Interpessoal, Musical, Naturalista e Existencial), os autores as explicam e dialogam com a teoria de Sternberg, que entende a inteligência humana através de 3 unidades: Analítica, Prática e Criativa.

Partindo desse pressuposto, o livro defende a idéia de que a escola supervaloriza certas "inteligências", em detrimento de outras; a Lógica e a Lingüística, bem como a Inteligência Analítica de Sternberg, receberiam destaque, quando na realidade, o uso equilibrado de todos os módulos resultaria no devido aproveitamento mental.

O ser humano desenvolve-se de maneira particular; não há aluno melhor ou pior, mas sim aquele que sobressai determinada área de inteligência. Para os autores, cabe ao psicopedagogo promover o crescimento harmônico da mente, principalmente áreas subdesenvolvidas; diante disso, propõem uma reflexão sobre como deve ser o desenvolvimento escolar.

Demonstrando diversas teorias que convergem nesse modo de pensar, o livro explica a divisão das funções entre os hemisférios cerebrais. Em tal organização, os módulos não se interligam: o sistema central seria responsável por integrar as informações. Além disso, a obra relata a atuação das áreas de inteligência ao longo da evolução do homem, citando o comportamento dos chimpanzés como exemplo.

A disfunção em um desses módulos pode acarretar distúrbios cognitivos, "Psicopedagogia e a Teoria Modular da Mente" elucida esses problemas citando o autismo. O indivíduo autista apresenta dificuldades no que diz respeito à interação social, sendo incapaz de despertar reação no outro; porém, as demais atividades modulares não são comprometidas.

Por fim, um modelo de diagnóstico modular metacognitivo é apresentado ao leitor, para que se avalie habilidades e aquilo que deve ser melhorado; o estímulo adequado representa o desenvolvimento equilibrado das funções cognitivas vitais ao ser humano.

Os autores destacam a necessidade de se iniciar um movimento nas escolas em busca do desenvolvimento de todas as inteligências humanas para maximizar a probabilidade de sucesso do indivíduo no mundo real, assim como repensar a função do psicopedagogo e sua práxis.

Afirmam que o psicopedagogo neste novo milênio será um profissional que identificará o perfil cognitivo do sujeito, passando a potencializar todas as habilidades, deixando de lado a proposta centrada nas dificuldades de aprendizagem, pois estas estão embasadas na visão tradicional de inteligência acadêmica.

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"O objetivo da educação não é o de transmitir conhecimentos sempre mais numerosos ao aluno, mas o de criar nele um estado interior e profundo, uma espécie de polaridade de espírito que o oriente em um sentido definido, não apenas durante a infância, mas por toda a vida”



(Durkheim)