terça-feira, 18 de maio de 2010

Inteligências Múltiplas

AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA PERSPECTIVA DA INCLUSÃO: APONTANDO CAMINHOS, REMOVENDO BARREIRAS.

Andréa Tondineli Carneiro

Mapa das Inteligências Múltiplas

Mapa das Inteligências Múltiplas

A DM constitui um grande impasse para o ensino na escola comum e para o AEE, pela complexidade do seu conceito e pela grande quantidade e variedades de abordagens. A DM desafia a escola comum no seu objetivo de ensinar, de levar o aluno a aprender o conteúdo curricular, construindo o conhecimento. As outras deficiências não abalam tanto a escola comum, pois não tocam no cerne e no motivo da sua urgente transformação: considerar a aprendizagem e a construção do conhecimento acadêmico como uma conquista individual e intransferível do aprendiz, que não cabe em padrões e modelos idealizados.

È preciso enfatizar as possibilidades desse sujeito, na totalidade de seu ser, em detrimento da lógica do déficit daquilo que ele não possui.

Nos últimos 200 anos surgiram várias teorias classificando de 1 a 150 tipos de inteligência. Em 1904, em Paris foi criado o Teste QI, que busca quantificar a inteligência.

Em 1983, na Universidade de Harvard, o psicólogo Howard Gardner propõe a existência de pelo menos 7 inteligências básicas. Mais recentemente acrescentou uma 8ª e discutiu a possibilidade de uma 9ª.

Em sua teoria ele tenta ampliar o alcance do potencial humano além do escore de QI. Questionou seriamente a validade de se determinar a inteligência de um indivíduo fora do seu meio ambiente natural e pedindo-lhe para fazer tarefas isoladas que jamais fez antes.

Em vez disso, sugeriu que a inteligência tem mais a ver com a capacidade de resolver problemas e criar produtos em ambientes com contextos ricos e naturais.

A origem da teoria é interessante. Acompanhando o desempenho profissional de pessoas de diversas culturas que haviam sido alunos fracos, Gardner se surpreendeu com o sucesso obtido por vários deles. Passou então a se preocupar com aquelas crianças que não brilhavam nos testes padronizados, e que, consequentemente, eram consideradas como não tendo nenhum tipo de talento.

O mais importante a ser ressaltado é a pluralidade do intelecto. Para Gardner o propósito da escola deveria ser o de desenvolver essas inteligências e ajudar as pessoas a atingirem objetivos adequados ao seu espectro particular de inteligência. Gardner propõe uma escola centrada no indivíduo, voltada para o entendimento e o desenvolvimento do perfil cognitivo do aluno.

“ A teoria das inteligências múltiplas sugere abordagens de ensino que se adaptam às potencialidades individuais de cada aluno, assim como a modalidade pela qual cada um pode aprender melhor.”

Gardner, 1994

Apresentando as IM

1. Inteligência Lingüística

Capacidade de usar as palavras de forma efetiva quer oralmente (contador de histórias, orador, político), quer escrevendo (poeta, editor, jornalista). Seus usos incluem retórica (usar a linguagem para convencer os outros), a mnemônica (usar a linguagem para lembrar informações), a explicação (usar a linguagem para informar) e a metalinguagem (usar a linguagem para falar sobre ela mesma).

2. Inteligência Lógico-matemática

Capacidade de usar os números de forma efetiva (matemático, contador, estatístico) e para raciocinar bem (cientista, programador de computador). Os tipos de processos usados a serviço dessa inteligência incluem: categorização, classificação, interferência, generalização, cálculo e testagem de hipóteses.

3. Inteligência Espacial

Capacidade de perceber com precisão o mundo visuo-espacial (caçador, escoteiro, guia) e de realizar transformações sobre essas percepções (decorador de interiores, arquiteto, artista, inventor). Essa inteligência envolve sensibilidade à cor, linhas, formas, configurações e espaço, bem como às relações existentes entre esses elementos.

4. Inteligência Corporal-cinestésica

Perícia no uso do corpo para expressar idéias e sentimentos (ator, mímico, atleta, dançarino) e facilidade no uso das mãos para produzir ou transformar coisas (artesão, escultor, mecânico, cirurgião).

5. Inteligência Musical

Capacidade de perceber (como aficcionado por música), discriminar (como crítico de música), transformar (como compositor) e expressar (como musicista) formas musicais. Essa inteligência inclui sensibilidade ao ritmo, tom ou melodia.

6. Inteligência Interpessoal

Capacidade de perceber e fazer distinções no humor, intenções, motivações e sentimentos das outras pessoas. Inclui também a capacidade de responder efetivamente e de uma maneira pragmática, influenciando, por exemplo, um grupo de pessoas que sigam certa linha de ação.

7. Inteligência Intrapessoal

Auto-conhecimento e a capacidade de agir adaptativamente com base neste conhecimento. Esta inteligência inclui possuir uma imagem precisa de si mesmo (forças e limitações); consciência dos estados de humor, intenções, motivações, temperamento e desejos; e a capacidade de auto-disciplina, auto-entendimento e auto-estima.

8. Inteligência Naturalista

Perícia no reconhecimento e classificação das numerosas espécies – fauna e flora – do meio ambiente do indivíduo. Inclui também sensibilidade aos fenômenos naturais e, no caso de pessoas que cresceram num ambiente urbano, a capacidade de discriminar entre seres inanimados como carros, tênis, capas de CD’s.

Em 1999 Gardner escreveu sobre a possibilidade de uma 9ª inteligência: a existencial. Definiu-a como uma preocupação com as questões básicas da vida. Quem somos nós? Qual o sentido da vida? Por que existe o mal? Nesta definição, há espaço para papeis explicitamente religiosos ou espirituais, mas também papéis não religiosos e não espirituais (filósofos, cientistas artistas, escritores).

Os critérios que ele utilizou

  • Isolamento potencial por lesão cerebral (lesão parcial com funções preservadas).
  • Existência de savants, prodígios e outros indivíduos excepcionais. Savants são pessoas que demonstram capacidades superiores em parte de uma inteligência, enquanto suas outras inteligências funcionam num baixo nível. No filme Rain Man há um savant lógico-matemático com relacionamentos inadequados com seus semelhantes, funcionamento da linguagem insuficiente e falta de introspecção em relação à própria vida.
  • História Desenvolvimental Distintiva e conjunto definível de desempenhos de “estágios finais”.
  • História evolutiva e plausibilidade evolutiva. Gardner concluiu que cada uma das inteligências passa no teste de ter suas raízes profundamente inseridas na evolução dos seres humanos. A teoria das Inteligências Múltiplas também tem um contexto histórico. Certas inteligências parecem ter sido mais importantes em épocas antigas do que são atualmente.
  • Apoio de achados psicométricos. Gardner sugere que muitos testes padronizados existentes apóiam a teoria das IM.
  • Apoio das tarefas psicológicas experimentais. As pessoas podem demonstrar diferentes níveis de proficiência.
  • Operação ou conjunto de operações centrais identificável. Cada inteligência tem um conjunto de operações centrais que servem para acionar as várias atividades inerentes àquela inteligência.
  • Suscetibilidade à codificação de um sistema simbólico.

Pontos-chave na teoria das IM

  • Toda pessoa possui todas as 8 inteligências.
  • A maioria das pessoas pode desenvolver cada inteligência num nível adequado de competência.
  • As inteligências, normalmente, funcionam juntas de maneira complexa, exceto, talvez, em casos muito raros.
  • Existem muitas maneiras de ser inteligente em cada categoria. Uma pessoa pode não saber ler mas ser altamente lingüista, porque conta histórias muito bem.

Identificando suas IM

Antes de aplicar qualquer modelo de aprendizagem em um ambiente de sala de aula, devemos aplicá-lo a nós mesmos, como educadores e aprendizes adultos.

Lembrem-se que nenhum teste pode determinar precisamente a natureza ou a qualidade das inteligências de uma pessoa.

Brincar de morto e vivo falando as características de cada inteligência.

Aproveitando os recursos das IM

Use a teoria para avaliar seu estilo de ensino e veja como ele se ajusta às 8 inteligências.

Aproveite a perícia dos colegas.

Peça ajuda aos alunos.

Use a tecnologia disponível.

Desenvolvendo suas IM

A maioria das pessoas pode desenvolver todas as suas inteligências, dependendo de 3 fatores principais:

  • Dotação biológica;
  • História de vida pessoal;
  • Referencial histórico e cultural.

A escola ideal de Gardner baseia-se em algumas suposições:

  • Nem todas as pessoas têm os mesmos interesses e habilidades, nem aprendem da mesma maneira.
  • Ninguém pode aprender tudo o que há para ser aprendido.
  • A avaliação deve tentar compreender as capacidades e interesses dos alunos de uma escola.
  • O currículo deve combinar os perfis, objetivos e interesses dos alunos, bem como estilos de aprendizagem.
  • Um novo conjunto de papéis para os educadores deveria ser construído para transformar essas visões em realidade.

Ativadores e desativadores das IM

As experiências cristalizadoras são faíscas que ligam uma inteligência e iniciam seu desenvolvimento rumo à maturação, tais como estímulos. As experiências paralisadoras são, por exemplo, quando o professor humilha o aluno diante de uma criação. Envolvem vergonha, culpa medo e outras emoções negativas que impedem as inteligências de crescerem. Ambas são processos essenciais no desenvolvimento das inteligências.

Avaliando as IM dos alunos

Não existe nenhum megateste capaz de oferecer uma avaliação completa das IM de seus alunos. O melhor instrumento isolado para avaliar as IM dos alunos, provavelmente, é o que está facilmente ao alcance de todos nós: a simples avaliação.

Thomas Armstrong sugere aos educadores que uma boa maneira de identificar as inteligências mais desenvolvidas dos alunos é observar seu “mau comportamento” na sala de aula. O aluno altamente lingüístico vai estar conversando , o aluno espacial vai estar rabiscando, aquele com inclinações interpessoais vai estar socializando com outros, o aluno corporal-cinestésico estará inquieto e agitado, o naturalista é capaz de trazer um sapo ou besouro sem a sua permissão.

Esses “maus” comportamentos são uma espécie de grito de socorro, um indicador diagnóstico de como os alunos precisam ser ensinados.

Outro bom indicador observacional das tendências dos alunos é como eles passam seu tempo livre na escola. Em outras palavras, o que eles fazem quando ninguém está dizendo a eles o que fazer.

Cada professor deveria manter um caderno à mão para registrar observações desse tipo, principalmente a respeito daqueles alunos com dificuldades na aprendizagem. Fotos e vídeos também cumprem essa função.

Outras orientações são conversar com outros professores, pais e perguntar aos próprios alunos.

Assim, por exemplo, se você der uma aula sobre frações de 8 maneiras diferentes, vai perceber como diferentes crianças respondem a cada atividade. Aquele que está quase dormindo durante a apresentação l´gica pode ficar alerta e interessado quando começar a apresentação corporal – cinestésica, e voltar a desligar-se quando é usado um método musical.

Ensinando aos alunos a teoria das IM

Pergunte a seus alunos: Quantos de vocês se consideram inteligentes?

Independente do número de mãos que se levantam diga: todos vocês são inteligentes, e não apenas de uma única maneira. Cada um é inteligente de 8 maneiras diferentes.

IM e desenvolvimento do currículo

Messe contexto, a teoria das IM funciona não apenas como remédio específico para a unilateralidade no ensino, mas também como um “metamodelo” para organizar e sintetizar todas as inovações educacionais.

A teoria das IM inclui essencialmente aquilo que os bons professores sempre fizeram: ir além do texto e do quadro negro para despertar os alunos. O filme Sociedade dos poetas mortos salienta isso.

Um professor que valoriza as diferentes IM pode passar parte do tempo falando e escrevendo no quadro, pois essa é uma técnica legítima de ensino. Mas ele também desenha no quadro e exibe filmes para ilustrar uma idéia. Ele toca música em certa parte do dia, para esclarecer um ponto ou criar um clima de estudo. Ele proporciona experiências práticas: faz os alunos se levantarem e movimentarem, passarem adiante algum artefato para trazer à vida real o material estudado ou construírem alguma coisa tangível que revele seu entendimento. Faz seus alunos interagirem de formas diferentes (grupos, duplas) e planeja tempo para a auto-reflexão e o trabalho individual. E, sempre que possível, cria oportunidades para que a aprendizagem ocorra por meio de seres vivos ou no mundo natural.

IM e estratégias de ensino

Na medida em que o professor mudar a inteligência enfatizada, sempre haverá um momento em que o aluno terá sua(s) inteligência (s) mais desenvolvida efetivamente atuante na aprendizagem.

IM e o manejo da sala de aula

A teoria das IM, embora não ofereça um esquema de manejo da sala de aula em si, proporciona aos professores uma nova perspectiva das muitas estratégias que usam para “manter a paz” e garantir um funcionamento tranqüilo no ambiente de sala de aula.

Exemplos de estratégias para atrair a atenção dos alunos

  1. Lingüística: escrever “Silêncio, por favor”.
  2. Lógico-matemática: use cronômetro para marcar o tempo desperdiçado e escreva os segundos perdidos a intervalo de cada 30”.
  3. Espacial: coloque uma figura de uma sala de aula atenta no quadro e mostre com a régua.
    1. Corporal-cinestésica: coloque o dedo sobre os lábios e levante o braço.
    2. Musical: bata palmas marcando frase musical rítmica e peça que os alunos repitam.
    3. Interpessoal: sussurre no ouvido de um aluno “é hora de começar – passe isso adiante”.
    4. Intrapessoal: comece a aula e deixe que os alunos se responsabilizem pelo próprio comportamento.
      1. Naturalista: toque a gravação do canto agudo de um pássaro.

Exemplos de comunicação de regras

  1. Lingüística: regras escritas e afixadas em sala.
  2. Lógico-matemática: numeradas e referidas pelo número.
  3. Espacial: cada regra tem um símbolo gráfico.
  4. Corporal-cinestésica: cada regra tem um gesto específico.
  5. Musical: cada regra é associada a uma música ou cria-se uma paródia.
  6. Interpessoal: cada regra é designada a um grupo de alunos, que passa a ter responsabilidade por ela se fazer cumprir.
  7. Intrapessoal: os alunos são responsáveis por criar as regras.
  8. Naturalista: cada regra é associada a um animal (coelho respeitoso, canguru cooperativo).

IM e avaliação

Se falamos em aprender de 8 maneiras diferentes, temos que falar em avaliar de 8 maneiras diferentes.

A filosofia de avaliação das IM combina perfeitamente com a perspectiva de um crescente número de educadores experientes, os quais nos últimos anos argumentaram que medidas autênticas de avaliação investigam muito melhor o entendimento que os alunos tem dos materiais estudados do que os testes em que devem ser preenchidos espaços vazios. As medias autênticas permitem aos alunos mostrar aquilo que aprenderam em um contexto parecido com o ambiente no qual se espera que mostrem essa aprendizagem na vida real.

Para Gardner, o pré-requisito mais importante pra a avaliação autêntica é a observação.

O componente seguinte mais importante na implementação da avaliação autêntica é a documentação dos produtos e processos de solução de problemas do aluno.

  • Diário do aluno pelo professor
  • Diário do aluno pelo aluno
  • Amostraas de trabalho
  • Fitas de áudio
  • Fitas de vídeo
  • Fotos
  • Gráficos
  • Sociograma
  • Testes informais
  • Testes padronizados
  • Entrevista com o aluno
  • Listas de verificação
  • Registro em calendário

É preciso que o aluno tenha consciência de sua aprendizagem e que esta seja comemorada. A teoria das IM oferece uma estrutura de avaliação na qual o aluno pode ter sua vida rica e complexa reconhecida, comemorada e estimulada.

Uma criança com DM não vai acompanhar cognitivamente o ritmo de seus colegas. Portanto, a sua avaliação dever ser dela com ela mesma. Se essa criança for reprovada porque não atingiu os objetivos propostos para os “outros alunos”, estaremos cometendo uma terrível discriminação. Pesquisas do MEC comprovam que a reprovação tem inúmeros efeitos negativos, dentre os quais destaco a influência negativa na auto-estima e motivação dos alunos, além de estigmatiza-los favorecendo a discriminação na escola.

Mas não podemos correr o risco de avaliar nessa criança somente os ganhos afetivos e sociais; a avaliação deve ser contínua e diversificada.

A avaliação dos alunos com DM objetiva conhecer seus avanços no entendimento dos conteúdos curriculares durante o ano letivo.

É imprescindível estimular esse aluno a avançar na sua compreensão, criando-lhe conflitos cognitivos e desafiando-o a enfrentá-los.

Na concepção inclusiva, a adaptação ao conteúdo escolar é realizada pelo próprio aluno, que testemunha a sua emancipação intelectual. Essa emancipação é conseqüência do processo de auto regulação da aprendizagem, em que o aluno assimila o novo conhecimento, de acordo com suas possibilidades de incorpora-lo ao que já conhece.

IM e Educação Especial

“Trate as pessoas como se elas fossem o que deveriam ser e você ajudará a se tornarem o que são capazes de ser.” Goethe

A teoria das IM tem amplas implicações para a educação especial. Ao focalizar um amplo espectro de capacidades, a teoria coloca as “incapacidades “ ou “deficiências” em um contexto mais amplo.

Usando a teoria como uma tela de fundo, os educadores podem começar a perceber as crianças com NE como pessoas por inteiro, que possuem forças em muitas áreas da inteligência. Muda-se o foco daquilo que os alunos não conseguem fazer – paradigma do déficit – para um paradigma de crescimento. Reconhece as dificuldades e incapacidades, mas o faz no contexto de considerar os alunos com NE como indivíduos basicamente sadios.

Os professores precisam funcionar como “detetives” de potencialidades das IM nas vidas dos alunos que enfrentam dificuldades na escola.

Sistema simbólico alternativo

A teoria das IM sugere que os alunos que não estão se saindo bem em virtude de limitações em áreas específicas de inteligência podem frequentemente desviar-se desses obstáculos usando uma “rota alternativa” que explore suas inteligências mais desenvolvidas.

Armstrong expõe que o braile, por exemplo, tem sido usado com sucesso com alunos gravemente disléxicos que possuem boa sensibilidade tátil. Da mesma forma, para um grupo de alunos com “incapacidade” de leitura, os pesquisadores relatam mais sucesso no ensino de caracteres ideográfico (chinês).

Tecnologia alternativa ou instrumentos especiais de aprendizagem

Máquinas de calcular socorrem indivíduos com discalculia.

Às vezes, a estratégia capacitante tem um rosto humano: terapeuta, guia, professor de apoio.

PEI’s – Programas educacionais individuais

Devem valorizar as potencialidades do aluno em busca do objetivo.

Ex: numa leitura e interpretação de texto uma criança com boas inteligências corporal-cinestésica e espacial pode atuar, desenhar, em vez de responder oralmente. Um aluno com boas inteligências musical e interpessoal pode fazer música, ensinar um colega.

Quando as salas de aula regulares se tornarem mais sensíveis às necessidades de diferentes tipos de aprendizagem, adotando programas de aprendizagem de IM, a necessidade de colocação especial diminuirá, especialmente em incapacidades de aprendizagem e problemas de comportamento.

Com maior ênfase às forças e capacidades das crianças com NE, a auto-estima e o controle interno provavelmente aumentarão, ajudando assim a promover o sucesso em uma comunidade mais ampla de aprendizes.

IM e habilidades cognitivas

Memória

Ajudar os alunos a reter aquilo que aprende parece ser um dos problemas mais urgentes e não resolvidos da educação.

A teoria das IM diz que a memória é específica para cada inteligência. Não existe tal coisa como “boa” memória oi memória “fraca”. Assim, podemos ter boa memória para nomes e datas (lingüística e lógico-matemática),

O problema, entretanto, pode ser que as “más” memórias estarem nas inteligências mais frequentemente enfatizadas na escola: lingüística e lógico-matemática.

A ortografia é uma área acadêmica que depende muito das habilidades de memória. Infelizmente, a maioria das abordagens instrucionais ao estudo da ortografia das palavras envolve apenas o uso de estratégias lingüísticas: escrever a palavra 5 vezes, usar a palavra em uma frase, soletrar a palavra em voz alta.

A teoria das IM sugere ir além das estratégias auditivas, orais e escritas.

  1. Lingüística:.
  2. Lógico-matemática: aribuir um número a cada letra. Ex: 1-A, 2-B.
  3. Espacial: visualizar (no concreto ou imaginário) a ortografia da palavra. Codificar padrões de ortografia por cor, Desenhar palavras com figuras como, por exemplo, a palavra SOL, onde o O tem raios solares.
  4. Corporal-cinestésica: linguagem de sinais ou o movimento do corpo todo. Traçar palavras na areia, modelar, escrever com frasco de desodorante.
  5. Musical: soletrar a palavra cantando. Toda palavra com 6 letras pode ser cantada com a melodia “Parabéns pra você”. Ex: CANUDO
  6. Interpessoal: soletrar em grupo, cada um tem uma letra que se junta e forma palavras.
  7. Intrapessoal: palavras com carga emocional.
  8. Naturalista: criar códigos (B-baleia, C-coelho)

Outras aplicações da teoria das IM

  • Tecnologia de computador: computadores em si são mecanismos neutros em relação à inteligência.softwares podem ser planejados para funcionar com qualquer uma das 8 inteligências.
  • Diversidade cultural: essa diversidade apresenta um grande desafio para os educadores que precisam planejar currículos que sejam não apenas sensíveis aos conteúdos das diferenças culturais, mas também sensíveis aos processos. De acordo com a teoria das IM, uma inteligência precisa ser valorizada por uma cultura para ser considerada uma inteligência verdadeira.
  • Aconselhamento profissional: se os alunos forem expostos, desde tenra idade, a uma grande variedade de adultos, demonstrando habilidades de vida real em todas as 8 inteligências, eles terão uma base sólida sobre a qual lançar uma profissão depois de concluir a escola.

A inclusão escolar é a grande possibilidade de modificar a vida dessas crianças e de suas famílias. Saem da dinâmica da doença para a dinâmica das possibilidades.

BIBLIOGRAFIA

oANTUNES, Celso. Como desenvolver conteúdos explorando as inteligências múltiplas. Petrópolis: Vozes, 2001.
o
oANTUNES, Celso. Como identificar em você e em seus alunos as inteligências múltiplas. Petrópolis: Vozes, 2001.
o
oARMSTRONG, Thomas. Inteligências Múltiplas na sala de aula. Porto Alegre: Artmed, 2001.

"O objetivo da educação não é o de transmitir conhecimentos sempre mais numerosos ao aluno, mas o de criar nele um estado interior e profundo, uma espécie de polaridade de espírito que o oriente em um sentido definido, não apenas durante a infância, mas por toda a vida”



(Durkheim)